... bourbons... alcatrões... e pensamentos intoxicados...

16 de janeiro de 2013

Na Butte


Para não deixar escapar uma centelha de energia que não esteja nos meus planos desta tarde, abre-se uma porta para o infinito, um inatingível ser desconhecido e aprende-se que o que foi, jamais será novamente. Estou na Butte.
 
São momentos de esplendor, com diversas caricaturas frias e feias sob minha face. Nada importa que não seja fortuna agora. Somente algumas passadas no velho script e vamos adiante, com paciência.
No entanto, entusiasticamente, voltaremos a velhos sentimentos, tão logo as coisas voltem ao normal.
Êxtase e furor ao alcançar o topo, o topo das gargalhadas e gracejos de gente que vem até a Butte para angariar fundos aos seus desesperos mais profundos e poder transformá-los em esperanças. Só na Butte isso é possível.
 
Para tanto, uma grande operação de resgate dos antigos habitantes se torna necessária. Nada mais, nada menos que obra do ofício galopante, dentro de uma tarde gelada pelas ruas de Montmartre, em Paris...a nossa eterna aventura dentro dos corações mais sôfregos. Montmartre suspira nossos cigarros diante da diversidade...diante do multi paladar.
 
Há amor ainda? Nada que tenha sobrado de sua pequena alma amargurada? Ainda não é nosso termômetro em temperaturas agora diminutas, gradualmente no desespero de um rude suspiro.
Sofrimento em meio ao grande caos já causado tampouco deixaria de penetrar na alma, mas veio num devaneio. Me esquivo da pouca sorte agora com parcimônia, tal qual um cavaleiro cosmopolita, nas estreitas ladeiras que agora desço lentamente.

Cavalgaremos até chegar ao zênite das famosas estripulias de saltimbancos. Nestas condições, a forma da lei é a honraria de agora procurar tumbas de algumas famílias pródigas, outras nem tanto, ainda cheirando a esplendorosos Chanel n° 5. São os esquecidos da Butte! Vamos encontrá-los bem inclinados, depois de muitas voltas e algumas desagradáveis pessoas trajando roupas maltrapilhas.
Dentro desta calmaria pouco desejada, espero conseguir angariar novas permissões para transpor a boa vontade das pessoas, que me olham com desconfiança agora.
 
Na tristeza também é possível achar-se feliz, não muito no tom, menos ainda na forma, sem causar estardalhaços aos vizinhos em descanso eterno.
 
Com paciência se desconstrói uma fórmula que, de pré-moldadas fantasias exorbitantes, não chegariam sequer ao fascínio de idiotas à espera de mais confusão e desmembramentos.
Espero, com ainda mais paciência esquecer suas formas para que, nada volte a aterrorizar minhas já perturbadas algazarras madrugada adentro.
 
Deixo, na penumbra de um intruso sentimento de culpa, vociferar outro sentimento, o de um frutífero renascer nas margens de assombrações que não podem mais climatizar esse quarto da forma que adorariam fazer outrora.
 
Pensei: com cuidado, qualquer pessoa navega pelas tortuosas teclas dos telefones afim de ligar, nem que seja o foda-se para falar de alguns contratempos que tive ao retornar daquelas terras...

Foram alguns 50 passos dados na direção oposta de um pequeno chafariz que jogaria uma moeda de centavos, para não exagerar no pedido que nem eu mesmo acreditava àquela altura da situação. Joguei e esperei pela resposta que não deverá vir sem grandes sobressaltos.
 
O frio me dominava àquela altura, tanto que um cachecol enrolava, com prudência o meu pescoço quando acidentalmente caiu no chão da Rue Laffitte, onde casais degustavam seus vinhos pelas vielas.

Dois, em especial deixavam clara a sua satisfação com o uma pequena exposição de artistas da geração seguinte. Sucumbiam diante da fama  daquele espalhafatoso espanhol, que comandou marchas emblemáticas.
 
Era tarde, quando me dirijo ao grande palco dos acontecimentos, uma pequena praça onde senhoras generosas alimentam seus pássaros, que livremente endossam a expectativa de todos por expansividade.
 
Estamos na Butte para celebrar, cantar e sorrir, conforme os anseios vão se apresentando, de forma viral. São diversas cores animando quem passa para deixar um ramo de flores no pedestal do soldado da arte.
 
Finda o dia, vamos descer, enquanto outros sobem, para olhar a diferença entre o sótão e o térreo, da mais bonita cidade do mundo, que é aquela dos seus sonhos e da imaginação de todos os etílicos profissionais. Então, voltamos ao centro, sempre com saudades da Butte.

4 comentários:

  1. Excelente! Mr. Brum está de volta. Leave the bourbon on the shelf.

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    1. Tentando meu amigo, sempre me inspirando em mestres como você. Aquele abraço...

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    2. Tentando meu amigo, sempre me inspirando em mestres como você. Aquele abraço...

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